skip to Main Content

Delirantes Imagens Dalíneantes

Dianna estava num pátio, grande, que tinha um teto baixo. Dora tentava alçar vôo, corria e, ia voar, mas o paraquedas girava e girava e girava novamente, como se tivesse areia na pista; estava derrapando! Ouvi sua irmã, Bella, dizer -Que perigo! Cabelo macio de medusa dentro d’água, na piscina; totalmente onírico. O canarinho olhando desconfiado, virava a cabecinha para todos os lados. Abria o biquinho, mas não emitia som audível para nós; sinalizava perigo.
Ainda assim, era tudo, toda a cena, muito plácida. Cheirinho de grama molhada. Cheirinho de chuva caindo no lodo. Cheirinho de água no asfalto. Cheirinho de eucalipto na esquina da curva. Sim, tinha uma curva. Estranha sinestesia. Onde estavam? Era campo? Era cidade? Era uma escola? Lembro-me do pátio vermelho da escola, com aqueles conhecidos ladrilhos hexagonais.
Dora tentou novamente e girou e girou, como o cocô no vaso sanitário, dançando na água circulante. Que loucura perigosa, penso eu.
Foi um sonho interessante. Estávamos em um congresso. Havia várias pessoas, de diversas áreas, arte-ciência, literatura, cinema e artes em geral. Um carinha bonito iria apresentar um texto sobre cinema, mas ele saiu no meio, precisava dar aulas de geografia. Subiu uma ladeira (eu o segui), e ele perdeu o ônibus; desistiu de ir à sua aula. Isso me lembrou tempos antigos, de grande severidade existencial, e muita dificuldade para chegar nos lugares, devido às longas distâncias.
Descemos a ladeira. Eu lhe disse que não me sentia boa o suficiente para minha apresentação, isto é um problema. Ele, por alguma razão, se identificou comigo. Logo após, estávamos num lugar, parecia a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, mas era um pouco diferente. Nós, escritores, tínhamos de resumir 5 livros e os disponibilizá-los no local, que os usaria com fins de circulação de ideias. Comentei com ele que era um pouco abusivo termos de fazer isso tudo, só para podermos mostrar nossas criações.
De repente, várias figuras esquisitas estavam entrando na minha sala, para ver minha apresentação. Neste momento eu me sentia segura e reconhecia essas pessoas: -Este se parece com Cicrano, este com Beltrano, e a sala foi se enchendo.
Antes disso, logo depois da ladeira, ou talvez na própria ladeira, estávamos em perigo e segurados num barranco. Ou talvez segurando o barranco. Eu falei que Fernando Pessoa era minha salvação. O jovem do cinema-geografia ouviu, e uma aluna mais nova foi pedir ajuda. Anjos devem estar rondando.
Solto um pum macio e reconfortante, e acordo feliz.
Quando vejo, estava na escola, com o piso vermelho, vendo ela mostrar seu filme surrealista, Delirantes Imagens Dalíneantes.
-Homem é bobo, mesmo! Di, você passou e ele olhou sua bunda! Eles sempre fazem isso! -Ai nossa senhora! disse ela.