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A historinha do troco e do George, o cadeia-humana

Era uma tarde de sexta-feira. Acordei mais tarde, pois minha semana havia sido muito intensa. Às onze eu teria depilação. Enrolei na cama até que, às 10:30 levantei e me arrumei rapidamente, para ir.

Fiz toda a depilação, ainda cansada, e querendo que aquilo acabasse logo. Ao pagar, o total era 120,00. Paguei com este valor, redondo, mas recebi 30,00 de troco. Nem percebi o equívoco da funcionária, coloquei o dinheiro na bolsa, e vim embora.

Passei na vendinha de frutas e legumes e fiz algumas compras, que totalizaram 24,00. Paguei com 25,00 e recebi 6,00 de troco; ou seja, 5,00 a mais. Isso me soou estranho, mas não falei nada. O período é de muitas economias, para a compra da casa própria e, por esta razão, considerei o erro do dono como sorte minha.

Ao chegar em casa, percebo que havia perdido meu celular. Desesperada, pela perda de um equipamento no valor de 3.000,00, tirei tudo da bolsa, afoitamente e decidi ir à vendinha; último local pelo qual passei.

Lá, vejo que o celular não havia ficado, e a esposa do dono decide, generosamente, ligar para o meu número, quando constato que ele havia sido esquecido no instituto de depilação. Lhe agradeço imensamente, com peso na consciência, devido ao troco errado e, ao voltar ao local, rapidamente, para pegar o aparelho, a atendente me fala que eu havia ficado com 30,00 de troco.

Eu fiquei um pouco na dúvida, não havia percebido, mas ela me mostrou o que paguei, e acabei por acreditar, mesmo sem conferir o dinheiro em casa. Lhe disse então que estava sem nenhum valor ali comigo, pois larguei tudo em casa, na pressa, e lhe falo para pôr na minha conta, que mês que vem eu acertaria com ela, se constatasse os 30,00 na minha bolsa. Fiquei de lhe mandar uma mensagem confirmando.

Vim para casa com a estranha sensação de que algo estava ocorrendo, pois eu estava recebendo mais trocos. Logo pensei no meu equívoco moral na vendinha de frutas.

George, o cadeia-humana, aquele que bloqueia os caminhos e nos prende, do lado de dentro e do lado de fora, é um personagem criado pelo meu namorado, que denota muito bem o que ocorreu aqui. Recebi um valor a mais e não o devolvi, por ganância. No final das constas, quase perdi um celular caríssimo, e somente o obtive de volta, porque fiquei também com excesso de troco, embora não tenha percebido. Deve ser ação do George, se pensarmos nesta história como uma ficção, ou do meu anjo-da-guarda, para quem acredita nisso.

Mas, refletindo comigo, me pareceu que existe uma lei de trocas, que retroalimenta todo o sistema, e nos lembra de sermos éticos.

Se pegarmos, como exemplo, os dois maiores mamíferos do planeta, a baleia azul, e o elefante, podemos inferir que ambos passaram por processos de adaptação diversos, até se tornarem o que são.

O mesmo acontece conosco, vamos nos adaptando; o meio nos mostra (ou nos força), e este é o resumo desta história, se é de tem de haver algum: Como nos tornarmos melhores? O universo pode estar nos mostrando o caminho que devemos seguir.

Podar para crescer melhor. Poda, poda, Georgina!

* (Georgina é a namorada do George, o cadeia-humana).